#75 | Talvez tenha chegado a hora de sonhar de novo
O título da news é uma menção ao livro 'Aurora' de Marcela Ceribelli.
Para seguir o seu sonho, é preciso ter coragem.
Quinta-feira, 9h39, estou no metrô em direção ao meu trabalho. Nos fones de ouvido, toca uma música que eu amava ouvir no volume máximo enquanto dirigia meu carro.
Quando fecho os olhos, posso sentir novamente a sensação de liberdade que eu sentia sempre que dirigia. Essa era uma das coisas que eu mais amava fazer quando morava em Santa Catarina.
Confesso que às vezes parece que vivo num multiverso próprio, onde tem dias que penso na vida que eu vivia e sinto que em alguma linha do tempo, eu ainda estou lá. Morando no mesmo apartamento, frequentando os mesmos lugares e sonhando em morar exatamente na cidade que eu moro hoje.
Eu gostava da vida que eu tinha, sempre amei aquela cidade. Mas todas às vezes que eu viajava, algo me dizia que um dia eu voltaria apenas para visitar.
Esses incômodos nunca abandonam a gente de verdade. Inclusive, esses dias conversei com uma amiga sobre essa vontade que a gente tem de fazer algo, como viajar, mudar de estado (às vezes até de país) e algo nos prende exatamente no mesmo lugar.
E assim ficamos, imaginando como seria realizar tal sonho, se pudéssemos viver aquela vida que idealizamos por meio dos vídeos nas redes sociais e pensando que se um dia ‘ganhasse’ na loteria, provavelmente viveria daquela forma.
Longe de mim te puxar para a realidade, mas viver sonhando com a vida que achamos merecer, não vai fazer com que ela se torne realidade.
Pra sonhar não precisamos de muito estímulo, porém, pra realizar é outra história. Ficar esperando pela oportunidade perfeita para enfim tornar o seu sonho possível, é viver em uma ilusão.
Pra começar, nunca nos sentimos realmente prontos. Depois, algo sempre vai nos prender exatamente no mesmo lugar, e essa sensação pode ser facilmente conhecida por medo. O medo te paralisa e te impede de tentar. É o medo de dar errado, medo de não ser bom o suficiente, medo de ter que voltar exatamente para o mesmo lugar de partida. Medo do que os outros vão pensar, medo de todo mundo descobrir que eu não pertenço aos lugares que achei que pertencia.
Há alguns anos, ouvi o episódio #19 do Bom dia, Obvious (2019), que fala muito sobre medo e coragem, e o prólogo dito pela Marcela Ceribelli ecoa na minha cabeça até hoje:
“Se viver é um eterno ato de coragem, saber reconhecer e lidar com os nossos medos é um grande exercício de autoconhecimento. A coragem, às vezes, é confundida com a ausência de medos, mas na maior parte do tempo é só sobre senti-los e seguir em frente mesmo assim. E o medo não pode ser confundido com covardia, já que é um instinto essencial para a nossa sobrevivência. Em um mundo onde expor vulnerabilidades é cada vez menos permitido, a mágica acontece exatamente quando encontramos esse equilíbrio e descobrimos onde somos capazes de chegar.”
E claro, é preciso salientar que não estou falando que o medo é algo ruim. Muito pelo contrário, quando agimos em determinada situação com o sentimento de medo, podemos nos considerar pessoas corajosas. Pois, apesar do medo, você enfrentou e seguiu em frente.
Quando decidi que iria me mudar para São Paulo, não foi uma decisão muito pensada e planejada. Eu tomei decisões de acordo com o momento e sinto que pra mim, foi a melhor coisa que aconteceu.
Se eu tivesse planejado com mais afinco, de forma mais racional e calculada, talvez não tivesse dado tudo tão certo como aconteceu. A coragem foi o impulso que eu precisava para aceitar o desafio e abraçar as oportunidades.
“Um novo trabalho pode trazer a sensação única de liberdade. Se nos permitirmos ficar atentas, despedidas podem ser menos sobre o luto do fim e mais uma celebração pelas tantas possibilidades da vida. Talvez tenha, sim, chegado o momento em que tudo cumpriu seu propósito e possamos abrir espaço para inspirar e respirar novos começos. Talvez tenha chegado a hora de sonhar de novo.”*
*Quote do livro ‘Aurora de Marcela Ceribeli
Definitivamente, eu amava a Laís que dirigia o carro com música alta e acreditava viver dentro de uma comédia romântica. Mas amo mais ainda a minha versão atual, que mesmo com muito medo de fracassar e ter que voltar pra casa, seguiu em frente e continua acreditando que tudo vai dar certo. E seja lá o que o futuro estiver preparando para mim, sei que saberei o que fazer. 💫
Um beijo,
La 💫
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Leia a última edição:
#74 | Vamos falar de bons hábitos?
Você é aquele tipo de pessoa que está sempre disponível pra todo mundo? Suas amigas mandam mensagem você logo responde. O grupo da família notifica, você corre pra interagir. Um e-mail apita na sua caixa de entrada, você logo retorna. E a pergunta que fica é: