#56 | A comparação é inimiga da felicidade
Como você lida com a comparação?
Outro dia recebei essa pergunta em uma das caixinhas de perguntas do meu Instagram. Confesso que tentei responder ela mentalmente de várias formas, com dicas práticas, coisas que eu faço no dia a dia, ou simplesmente responder como eu lido. Acontece que quando se trata de comparação, não tem um dia que eu não me compare com alguém.
Não me acho tão inteligente ou bonita como gostaria. Talvez eu pudesse ser mais alta, mais magra e com o cabelo mais longo. Quem sabe eu também poderia correr mais rápido, ser mais atlética e mais saudável. E se eu levantasse mais cedo?
Eu aposto que se você for mulher, provavelmente se identificou com alguma das frases acima.
Acho que desde o meu dia 1 habitando nesse planeta eu me comparo com alguém. E sabe o que é pior? Nessa mesma página também está minha pior inimiga, eu mesma.
Em uma das minhas séries preferidas a protagonista (Hannah) está discutindo com a melhor amiga (Marnie), e para ofender, essa amiga fala algo pessoal sobre a aparência da Hannah. Então ela diz:

Posso contar facialmente em uma mão todas às vezes que eu me olhei no espelho e realmente fiquei encantada com o reflexo. Eu sempre fico procurando alguma coisa que eu poderia mudar.
Preciso cortar o cabelo. E essa sobrancelha sem fazer? Meu deus e essas unhas? Esse ângulo não me favorece, muito menos essa roupa… E por aí vai.
Eu gostaria de vir contar pra vocês que eu me amo 100% dos dias, que não tenho crises existências com as versões que eu já fui um dia, que eu poderia ficar horas me olhando no espelho e falando o quanto sou linda, inteligente e engraçada na medida. Mas não seria verdade.
Semana passada mesmo, eu tinha que fazer uma corrida ‘teste’ para minha treinadora avaliar o meu desempenho. Eu já tinha feito esse mesmo teste em janeiro, o qual eu não me orgulhei do resultado, mas achei ok.
E detalhe, quando comecei a correr lá em 2022 eu não corria nem 1km sem andar. E agora estava achando ‘ruim’ não ter feito num tempo que eu idealizei na minha cabeça.
Acontece que quando fui fazer o treino dessa semana, coloquei como meta (mais uma vez) alcançar um tempo X. O problema é que nas últimas semanas eu estava fazendo acompanhamento com uma fisioterapeuta, pois machuquei a coxa. Assim como na outra semana eu também estava resfriada. Ou seja, eu jamais iria conseguir fazer no tempo que eu “projetei”.
Quando terminei o teste e percebi que tinha feito num ritmo parecido com o último, fui contaminada pelo fantasma da comparação. E cegamente me comparei com as minhas próprias versões mais saudáveis de alguns meses atrás.
Por mais que eu devesse estar orgulhosa de todo o meu desempenho até aqui, eu ainda insisto em me comparar com quem um dia eu fui e com quem ainda quero ser. Preciso lembrar com frequência de que para ter os dias bons, eu preciso passar pelos ruins.
Que apesar dos meus pensamentos intrusivos insistirem em me colocar pra baixo, hoje no auge dos meus 27 anos, eu vivo a relação mais saudável que eu poderia ter vivido comigo mesma dos últimos tempos. Repito como um mantra que “nada como dar tempo para se apaixonar pelas coisas incríveis que o seu corpo é capaz de fazer”.
E confesso que muitas vezes gostaria de voltar no tempo e falar para minha versão criança que não tem nada de errado com o seu corpo. Que um dia outras mulheres irão se inspirar na sua história para praticar atividade física. Que a comparação diária só irá te afastar da sua verdadeira autenticidade.
E para minha versão adolescente, quero dizer que você pode sim ler revistas da Capricho e ao mesmo tempo amar mexer o seu corpo. Que mesmo parecendo inadequada para os ambientes que você está inserida, não tem absolutamente nada de errado com o seu corpo (mais uma vez).
Aos quase 28 anos, quero poder inspirar mais e mais mulheres que assim como eu, nunca se imaginaram praticando exercícios por amarem o seu corpo e sim por odiarem. Que quando você enfim fizer as pazes o espelho, tudo muda - e pra melhor.
Escrevi a news de hoje pra dizer que não existe caminho mais fácil quando falamos em comparação, que ela é sim inimiga da felicidade. E que tá tudo bem você não gostar do que vê no espelho, só não normaliza o ódio por você mesma.
E lembra que antes de falar coisas maldosas sobre a sua aparência, pensa que você jamais falaria assim com uma amiga sua. (((ou espero que não.
Um beijo e até semana que vem,
La 💫
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📎 Bloco de notas
Coisas legais que gostaria de compartilhar com você.
Leia a última edição:
#55 | Os lugares por onde passei: parte 2
O caminho não é linear e do jeito que a gente imagina quando cresce assistindo filmes de comédia romântica. Ele é cheio de obstáculos, mudanças de rota e muitas vezes parece que estamos dentro de uma fase interminável do Mario Bros, onde o destino está cada vez mais longe.
Amigaaa, identificação 100% com esse texto. a frase do espelho me pegou de um jeito... Vi que tu postou no insta e corri aqui! Enfim, infelizmente a gente precisa fazer o esforço diário de lembrar de se amar, né, aos pouquinhos se torna mais natural. <3
Oi Laís! Te acompanho já faz um tempo (faço PP na univali e te vi algumas vezes) e leio as suas News desde a 1 edição, mas essa realmente teve algo que me tocou. Acredito que meu maior problema sempre foi a comparação, e achei legal que uma pessoa tão confiante como você também passe por isso, não sei, acho que me fez sentir menos sozinha nessa questão. Acho que em uma era digital com padrões de beleza inalcançáveis, é meio difícil não querer se comparar em todos os aspectos possíveis. Obrigada por compartilhar seu sentimento com nós, seus leitores, fez com que eu visse esse “problema” por outro ângulo 🤍