#111 | O desconforto de ser iniciante em algo
Tic, tac, o barulho do relógio associado com o som da pressa: preciso ser bom e quero isso rápido.
🎧 no fone:
I am unwritten
Can't read my mind
I'm undefined
I'm just beginning
The pen's in my hand
Ending unplanned
Presente em quase todas as fases da vida, o desconforto de ser iniciante em algo muitas vezes nos impede de dar o próximo passo. Mas é justamente nesse meio que o aprendizado começa.
Eu poderia começar esse texto contando sobre várias coisas em que já fui iniciante, mas dessa vez, escolhi falar um pouco do meu processo com a corrida - por ser um exemplo que vivencio quase todos os dias e é um dos meus lugares de fala.
E se você acompanha meus textos há algum tempo, sabe que a minha história com a atividade física começou aos 13 anos - não por saúde apenas, e sim com o viés estético.
Breve introdução:
Pois bem, lá em 2009 no início de tudo, eu tinha muita vergonha de frequentar a academia em si, parecia que o meu corpo não era igual aos outros, eu não tinha roupa adequada e sentia que o meu lugar não era ali.
Treinava com a roupa que eu usava na escola: all star, legging e camisetão.
Esse período de ser iniciante passou, logo já fiz amizades, frequentava as aulas de spinning - inclusive eu era o destaque da turma -, vi o meu corpo e a minha autoestima passarem por um processo de transformação, e enfim, não me sentia mais uma estranha.
Os anos passaram, me aventurei em diversas outras atividades físicas, fui amadurecendo e o medo de ser iniciante ainda continua aqui - e talvez ele nunca vá embora, porém ele não me impede de insistir nas coisas que eu quero.
Como comentei no início da edição, a corrida é um bom exemplo para falar sobre esse assunto. Isso porque, quando comecei não conseguia correr nem 200 metros, e hoje os meus treinos são quase todos acima de 8km.
E de forma alguma gostaria que você interpretasse esse texto com o viés de comparação, muito pelo contrário, meu objetivo sempre será inspirar vocês de alguma forma. Todas as vezes que escrevo aqui, converso comigo mesma e de certa forma, me entendo um pouco mais.
Voltando para o tema da news, diariamente quando abro caixinhas de perguntas no Instagram, sempre recebo perguntas:
como você começou a correr?
dicas para evoluir mais rápido na corrida
pra mim é difícil correr 500 metros sem andar
A partir disso e outros movimentos que acompanho pela internet, percebo que cada vez mais vemos como o termo ‘iniciante’ se tornou algo ruim ou vergonhoso. Como se fosse um crime você não ter começado antes, não ter evoluído de maneira tão rápida ou correr tal qual um ultramaratonista.
E eu tô aqui pra te falar: calma!!! 🗣️
Eu sei que é muito difícil não se comparar com o fulano de tal, mas tenta perceber a sua própria evolução, anota, registra, faz fotos, vídeos, começa um daily, um canal no YouTube - seja o que for.
E lembra que é injusto com você querer se destacar tão rápido em algo que muitas vezes a pessoa demora anos.
Outro dia vi em alguma rede social a seguinte frase “não precisa ser boa no seu hobby”, e fiquei pensando que muitas vezes a gente perde o entusiasmo por começar algo novo por ter receio, pressa e até ansiedade de fazer algo bem feito para poder compartilhar nas redes sociais e receber likes por isso.
E talvez seja justamente o que estou tentando te dizer, a graça da coisa é se permitir ser iniciante sem ter pressa de ser bom, apenas curtir o processo - e isso vale pra tudo.
O ser iniciante está muito associado com algo vergonhoso, ninguém quer ser visto como se estivesse começando algo. E no fim das contas, esse lugar novo e fresco sobre as coisas, é o que nos motiva a continuar tentando e comemorar as pequenas (grandes) vitórias.
"Se você esperar até se sentir pronto, vai esperar pelo resto da sua vida."
*Quote do livro Grande Magia de Elizabeth Gilbert
E se vale o conselho, eu nunca me senti 100% pronta pra nada, nem com a corrida, nem com a mudança de estado e muito menos pra começar a newsletter.
Sempre fui no impulso das coisas, já fui de sentir medo de ser iniciante, me cobrei muito mais do que deveria em vários âmbitos da minha vida e hoje tento todos os dias a perceber a minha própria evolução.
É um exercício diário, nem sempre consigo, mas sigo tentando.
No fim, é um processo constante de começar, recomeçar e de se permitir ser iniciante outra vez, sempre que a vida me empurra para um caminho novo.
E cá entre nós, muitas vezes será desconfortável estar diante do novo, mas quando você aprende que precisa passar por essa fase para descobrir que é apenas o começo, você entendeu tudo.
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Um beijo,
La 💫
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Leia a última edição:
#110 | Turma de 2006
Não fazia ideia do que queria ser quando adulta ou pelo menos não tenho uma memória tão presente disso neste momento enquanto escrevo, mas sei que o meu mundo era dentro daquela sala de aula.