#107 | O medo de não ser o suficiente
Sobre ansiedade, merecimento e o desafio de se permitir viver o agora.
🎧 no fone:
Aquela voz que ecoa no fundo da minha cabeça todas as vezes que crio algo que julguei interessante e legal - é, ficou ok, mas ainda não é o bastante.
Eu não sei como funciona o seu painel de controle por aí, mas por aqui, a minha pior inimiga, sou eu mesma e a cobrança é diária.
Até já comentei em outras edições sobre essa temática, mas acho que nunca é demais falarmos sobre aquilo que nos afeta tanto, não é?
Em uma das sessões de terapia, comentei com a minha psicóloga que tenho a sensação constante de que a qualquer momento tudo o que eu construí ao longo dos anos não existirá mais.
Esse pensamento de não ser o suficiente é fixo na minha cabeça e, muitas vezes, quase me paralisa.
Ela, calmamente me disse que essa forma de pensar está muito associada com à minha ansiedade, e que estou tão preocupada com o futuro lá na frente, com o depois, que não consigo aproveitar o momento presente.
Então, ela disse:
Não deixa que a sua ansiedade roube a felicidade que você está sentindo.
Na hora, fiquei tão impactada com essa frase que a partir desse instante não consegui prestar mais atenção na sessão. E quando acabou, corri para anotar esse pensamento para não esquecer.
Junto com essa reflexão, trago também para a conversa esse trecho do livro ‘Medo de dar certo’ da autora Natália Sousa:
“Acostumados a batalhar duro sempre por tudo, quando coisas boas e inesperadas acontecem, elas nos fazem tatear o descontrole. Provocam tensão na ideia que temos sobre nós mesmos, racham essas imagens rígidas que nutrimos sobre quem somos, desorganizam o que está acomodado há muito tempo. E isso faz com que nos perguntemos: quem sou eu para merecer isso?"
Unindo essas duas pontas, percebi que o tempo que comemoro as coisas boas que acontecem comigo é tão instantâneo quanto um story de 24 horas, que mal consigo sentir.
Como é difícil não se ver como merecedora da própria felicidade.
E essa sensação é mais arrebatadora se você for mulher - como posso ser feliz se não tenho um cabelo longo e sedoso, um rosto jovem sem manchas ou um corpo atlético?
E mais ainda, acredito que esse sentimento pode estar atrelado com outras vivências antigas, como a eterna comparação com os outros e críticas maldosas disfarçadas de “construtivas”.
Ao longo dos meus quase 29 anos, já me vi de diversas formas nesse contexto, onde passei por muita coisa, principalmente nos tópicos que envolvem autoestima e comparação.
Quanto mais o tempo passa, mais confortável me sinto para lidar de frente com temas que sempre me deixaram com uma sensação estranha de inadequação em certos ambientes.
Tenho tentado constantemente reprogramar o meu painel de controle para ser mais sincera com o que estou sentindo e vivendo.
Não é um processo rápido, fácil ou até mesmo simples. Mas é possível, desde que eu esteja disposta.
A ansiedade para mim, sempre será o elefante branco no meio da sala. Mas é algo que faz parte de mim, porém não define exatamente como eu sou. Entende?
Por aqui tentarei alongar um pouco minhas comemorações fazendo o exercício de aproveitar tudo o que o momento presente oferece - igual ao personagem Tim, do filme ‘Questão de Tempo’ que escuta o conselho do seu pai:
“O truque é simples: viva cada dia como se você estivesse vivendo ele pela segunda vez. Como se você tivesse voltado no tempo para aproveitar tudo de novo, mas agora com os olhos mais atentos para os pequenos milagres que passaram despercebidos da primeira vez.”
Esse filme mexe muito comigo e sempre me deixa pensativa, mas esse trecho em especial me acompanha como um lembrete gentil de que tudo é passageiro, que por mais que todo o contexto ao redor nos incentive a viver tudo na velocidade 2, ainda é preciso respirar fundo e prestar atenção no agora.
Que não podemos mudar o passado ou a forma que éramos quando mais novos, mas podemos aprender com os nossos erros e seguir em frente.
Um dia de cada vez e aproveitando o agora.
Me conta, gostou da edição de hoje? 💌
Um beijo,
La 💫
Gostou de alguma frase? Compartilhe!
Entre abas
Algo que me chamou atenção, um texto que vale a pena ser compartilhado ou outro link de coisas que me atravessaram. Minha curadoria especial 💌
“Quantas vezes por semana você sente que chegou no seu limite de cansaço, mas precisa continuar trabalhando?”
Eu amo ver esses vídeos:
✨ Top #3 do TikTok ✨
📎 Bloco de notas
Coisas legais que gostaria de compartilhar com você.
💌 Cupons e links
Suplementos na dux e 15% off é ‘LAISPINHEIRO’.
Na C&A tem a minha curadoria especial, é só colocar ‘LAIS PINHEIRO’ como código de consultora.
Novos cuponsssss:
Caffeine Army: LAISPINHEIRO
Positive Market: LAISPINHEIRO
Pronto Light: LAIS10
Leia a última edição:
#106 | Se você fosse uma casa, como seria?
Por mais que tenham momentos não legais, tristes e horríveis, ainda sim, busco encontrar a luz no fim do túnel, preenchendo os espaços da rotina com tudo aquilo que me faz perceber como a vida é boa na maior parte dos dias.
Essa edição veio na hora certa pra mim que está constantemente tentando se lembrar de viver um momento por vez, não é nem um dia, mas um momento, porque tudo parece passar tão rápido e a gente foge do real de forma ainda mais intensa.
Oi, Laís, adorei essa edição! Por aqui também tenho refletido sobre o quanto a ansiedade me tira a celebração de certas conquistas e me implanta o medo de que tudo vai desmoronar sem aviso prévio. Ano passado me dediquei muito para conseguir passar no mestrado que faço hoje e me assusta a certeza que eu tenho de que pensei muito mais no quanto tudo pode dar errado, como posso descobrir que não sou boa pesquisadora etc do que realmente comemorei essa nova fase que conquistei com tanto trabalho. Recebi uma nota incrível em uma prova essa semana e fiquei contente nos dez minutos seguintes, só pra dali em diante pensar obsessivamente em como eu não posso correr o risco de ir mal na segunda prova e colocar tudo a perder. Seu texto me fez confrontar esses pensamentos que me perturbam também e só de ter citado um dos meus filmes favoritos da vida (!!!!) já tem o meu coração. Que a gente aprenda com o Tim e o pai dele <3