#97 | Espaço para o tédio
Não há necessidade de preencher todos os seus espaços de tédio, ao invés disso, pratique incluir outros hábitos que podem fazer bem para você e o seu cérebro.
Outro dia, durante uma das minhas corridas matinais, dei play em um dos meus podcasts favoritos, Gostosas também choram - idealizado por Lela Brandão, que é inclusive uma das mulheres que me inspiro e admiro.
O episódio em questão, é esse aqui, caso você queira ouvir depois.
Enquanto escutava ela contar sobre a experiência de ficar offline alguns dias, de como estava cansada antes das férias, me peguei refletindo também sobre o nosso tempo de descanso e tédio - fora das redes sociais.
Faz uns dois anos mais ou menos que decidi não receber mais notificações de nenhuma rede social (exceto o WhatsApp), porque percebi que isso me deixava ansiosa e com a eterna sensação de que eu estava perdendo alguma coisa por não estar ali.
E posso dizer que isso mudou a forma com que lido com o meu tédio e o meu vazio - inclusive, no ano passado nessa mesma época, escrevi essa edição aqui que fala um pouco sobre o vazio e a nossa busca por preencher a todo custo.
E acredito que isso tudo faz total relação com nosso momento atual de mundo.
Enquanto buscamos preencher todos os espaços do nosso dia com produtividade e otimização de tempo, nosso cérebro sente a necessidade de relaxar, e uma das formas que encontramos de proporcionar essa dose de dopamina rápida é acessando as redes sociais com uma frequência absurda.
E o tempo de tela segue aumentando… ⌚
Quando Chase era pequeno, era comum encontrá-lo na mesa da cozinha desenhando mapas-múndi e fazendo listas de todos os países e suas capitais. Ele passava tarde inteiras escrevendo suas próprias músicas, e nós colecionávamos os pequenos poemas que ele deixava pela casa.
Quando ele fez 13 anos, nós compramos um celular para ele, porque ele queria muito um e nós queríamos deixá-lo feliz. Aos poucos, vimos Chase desaparecer. Ele parou de desenhar mapas e de ler e de escrever, e nós paramos de encontrar poemas pela casa. Quando ele estava conosco, eu sentia sua necessidade de estar lá, ao invés de aqui.
Então, mesmo quando ele não estava no telefone, ele não estava presente. Chase só flutuava entre nós. Seus olhos mudaram. Ficaram um pouco mais pesados, menos brilhantes. Eram os olhos mais brilhantes que eu já tinha visto, e então, um dia, não eram mais. No celular, Chase encontrou um lugar mais fácil de existir do que na própria pele.
Esse trecho foi escrito pela Glennon Doyle, em um dos meus livros favoritos, ‘Indomável’ - fica aqui a recomendação. Eu havia me esquecido desse capítulo, mas semana passada em uma das conversas que tive com a minha irmã, falamos sobre o tédio e como o nosso tempo de descanso se resumia em ficar nos aplicativos.
E como ela está lendo esse livro, comentou sobre esse trecho, que pra mim fez total sentido trazer para a edição de hoje, para refletirmos sobre algumas perguntas:
Quem você era antes do celular roubar todo seu tempo de descanso? O que gostava de fazer? Era uma criança criativa, extrovertida ou mais quieta? E como preenchia os seus espaços de tédio? Preferia desenhar, dançar ou ler?
Por muitas vezes o tédio é visto como algo negativo, mas ele é o espaço perfeito para exercitar a criatividade e os momentos de autoconhecimento. É como diz Glennon:
“O momento depois do momento em que não sabemos o que fazer é quando descobrimos. Lodo depois daquele tédio incômodo está o autoconhecimento. Mas é preciso ficar ali tempo o suficiente, sem desistir.”
Sentir tédio nos ensina a lidar com desconfortos sem recorrer a distrações instantâneas como as redes sociais ou o consumo impulsivo.
Não há necessidade de preencher todos os seus espaços de tédio, ao invés disso, pratique incluir outros hábitos que podem fazer bem para você e o seu cérebro.
Pequenas práticas para abraçar o seu tédio
Escreva em um caderno (sim, com caneta e papel) nada de escrever no bloco de notas do celular. Não sabe por onde começar? Esse texto pode te ajudar.
Entre uma reunião e outra, levante, beba um copo de água e fique por 5min em uma janela, observe o dia, respire fundo (não leve o celular junto).
Deixe um livro sempre por perto, assim, sempre que estiver em um momento de descanso, ao invés de rolar o feed, leia uma página.
Caminhe pelo seu quarteirão sem fones de ouvido.
Ao esperar o elevador ou uma fila de mercado, não use seu celular como distração.
Se possível, desative suas notificações de aplicativos (redes sociais e outros que possam te distrair), pratique o momento presente e o tédio saudável.
Por aqui, irei fazer alguns desses exercícios, quero me conectar mais comigo mesma e abraçar o meu tédio.
Obrigada por ler até aqui,
Um beijo,
La 💫
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Leia a última edição:
#96 | Recap do mês: edição janeiro
“viva no presente, a sua versão do futuro vai saber o que fazer”
Eu me peguei pensando nisso quando comecei a fazer um journal e me transportei pra minha infância, pra quando eu escrevia meus diários e como isso me fazia bem!! Quando a gente se redescobre assim, não dá nem vontade de voltar pras telas, aos poucos fica mais e mais natural. Amei o texto 💌