Estou na casa dos meus avós, devo ter uns 8 anos, é verão e está muito quente. Nosso almoço foi churrasco, típico cardápio de todos os domingos no Rio Grande do Sul. Estamos todos felizes e rindo de alguma piada do meu avô (ele era realmente bom nisso). Todos terminamos de almoçar, e a sobremesa mais aguardada por todos: melancia. Essa é uma daquelas lembranças que você quer registrar ao máximo na memória para nunca esquecer.
Se eu soubesse que aquele momento teria sido um dos últimos, eu teria vivido de forma diferente?
Talvez sim, talvez não, e a graça é justamente essa, o não saber.
Outro dia estava fazendo um daqueles dias bem quentes em São Paulo, com o clima seco, e que você sente calor mesmo não fazendo nada.
Abri a geladeira, e fiquei extremamente feliz, pois nela tinha um pedaço de melancia.
Fiquei pensando em como a nossa memória é curiosa, e como com alguns pequenos estímulos ela te transporta para uma lembrança, que dependendo do seu estado de espírito, pode ser feliz ou triste.
No me caso foi um misto das duas e me fez querer escrever essa news, contando pra vocês coisas que fazem sentir que estou em casa.
Melancia para os dias quentes de verão e com uma dose extra de nostalgia
Desde que me lembro, na casa dos meus avós e na dos meus pais, sempre tivemos melancia no verão. Essa é uma das coisas que você sabe que é herança de família, pois é uma das frutas favoritas da minha mãe.
Quando criança, meu avô era caminhoneiro e sempre voltava pra casa com uma melancia enorme. E essa memória é tão vívida na minha cabeça que enquanto conto aqui pra vocês, posso visualizar ele cruzando a porta da frente de casa, todo feliz contando que trouxe um presente.
E eu acho que essa é a verdadeira magia em ser criança, ficar feliz com as coisas simples da vida.
Talvez faça sentido contextualizar pra vocês que sou natural do Rio Grande do Sul e nasci em uma cidade muito pequena, quente e quase sem vento.
Então, essas frutas com mais água, combinavam muito com o clima de lá. Sendo assim, cresci comendo melancia até a barriga doer.
E o mais curioso, é que depois de todos esses anos, eu sei que está chegando o verão, não pela chegada do mês de dezembro, e sim, por ver essa fruta tão querida e nostálgica na feirinha.
É como se todas às vezes que eu comesse, eu vivesse aquelas memórias felizes da minha infância. Onde é verão, meu avô ainda está vivo e logo chegará em casa com uma melancia inteira só pra gente ter o prazer de cortar ao meio, e enquanto comemos, damos risada. Eu e meus irmãos ainda somos criança, e a nossa única preocupação é esperar que amanhã dê sol, só pra gente poder aproveitar a piscina de plástico que a minha avó comprou. São dias felizes, é verão e temos uma melancia para nos refrescar.
Bergamota e o inverno
Como comentei mais cedo, sou gaúcha, sendo assim, aprendi a falar bergamota desde muito cedo. Mas essa fruta cítrica é da família das tangerinas e também pode ser conhecida como mexerica, mimosa, mandarina, poncã, entre outras variações.
E assim como a melancia, essa fruta me leva para lembranças felizes, mas na estação contraria, o inverno.
Aposto que você já ouviu a expressão “comer umas berga e lagartear no sol”, essa é uma das nossas tradições favoritas, sentar-se ao sol, em um dia frio e comer várias bergamotas.
E do lugar de onde eu vim, ainda tínhamos o privilégio de colher direto do pé, encher uma bacia enorme e se deliciar com várias bergamotas ao longo da semana.
Em todos os invernos, ainda mantenho essa tradição viva, agora que moro em São Paulo, não tenho mais tanto o costume de comer enquanto aproveito o sol. Mas a memória é viva, e será sempre lembrada com muito carinho.
Me faz lembrar que por mais longe que eu esteja de casa, ainda sou a mesma garotinha que ficava com as unhas cheirando bergamota por alguns dias. E algumas coisas nunca irão mudar, levarei comigo pertinho do coração pra nunca esquecer minhas raízes.
Figo, alguns amam, outros odeiam, para os gaúchos é sinônimo de sobremesa
A dupla figo & pêssego em calda, são duas iguarias que estão presente na maioria dos almoços no Rio Grande do Sul e quase sempre, acompanhados de creme de leite (para não ficar tão doce).
Por lá, é quase senso comum que todos gostem.
Imagina a minha surpresa quando fui morar em Santa Catarina aos 8 anos e descobri que não era tão comum assim, inclusive, o figo é até meio odiado em algumas casas.
E talvez essa seja uma das coisas que mais me faz perceber a importância da nossa base familiar na construção das nossas memórias, principalmente quando falamos de comida. É ali que criamos nossas tradições e afeição por coisas que passam de família para família, dos avós para os nossos pais, até chegar na gente.
E eu acho isso tão especial!
Porque independente do lugar de onde eu esteja morando, sei que essas sobremesas sempre me farão lembrar de casa, dos almoços barulhentos na casa dos meus pais, da companhia dos meus irmãos e de como, passarão anos e anos, e eu sempre poderei levar uma lata de figo em calda em um almoço e serei bem-vinda.
Pra mim, nada me faz sentir que estou em casa, como poder dividir as minhas tradições, que um dia serão passadas para a minha própria família, onde irei torcer para que eles também gostem de figo - e se não gostarem, provavelmente encontraremos outras formas de compartilhar momentos de afeto e amor.
Obrigada por ler até aqui,
Um beijo,
La 💫
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Leia a última edição:
#87 | Aquela do feriado prolongado
Faz tempo que não tínhamos um feriado que começava na sexta-feira, e confesso pra vocês que eu estava desejando há muito tempo ter esse tempo para não fazer nada e aproveitar o presente - e assim foi.
me apaixonei pela colônia "figo" da granado e tava na cabeça que tinha visto alguém falar de figo na internet (raríssimo), procurei no seu canal, inclusive vc mostrou até um outro perfume mais fresco de lá, até que encontrei a news com esse título e não tive dúvida que foi aqui que falaram de figo hahaha. Compartilho do gosto por essa iguaria e talvez vc também goste da fragância da colônia.
Por aqui passou um filme na minha cabeça… doces lembranças mana! ❤️🩹❤️