Tic tac, tic tac, o tempo no relógio corre, é como se eu estivesse correndo o máximo que eu consigo e mesmo assim, não é o suficiente. Tenho a sensação de estar atrasada, o tempo inteiro.
Eu tinha 17 anos quando fiz minha primeira tatuagem, o ano era 2013 e eu apenas queria tatuar uma frase que era uma combinação das duas bandas que eu mais escutava naquela época Coldplay e The Strokes.
A frase era “You only live once in paradise” - uma combinação das músicas Paradise e You Only Live Once
Bom, eu tinha a frase perfeita e a coragem para gravar na minha pele algo que eu lembraria para sempre, só faltava um pequeno detalhe: convencer os meus pais.
Confesso que não lembro muito de como pedi pra eles, mas desde pequena sempre fui o tipo de pessoa que gostava de argumentar, e quando eu queria algo, dava tudo de mim até conseguir.
Eu não sabia nessa época, mas ao fazer essa primeira tatuagem, um novo mundo se abriria para mim. Depois disso, qualquer coisa razoavelmente significativa eu queria tatuar na minha pele.
Em 2014, alguns meses depois da primeira tattoo, meu avô veio a falecer.
Não foi um momento traumático na minha vida, mesmo sendo muito nova para entender o que estava acontecendo, hoje eu vejo que lidei da melhor forma que uma garota de 17 anos poderia ter lidado.
E como tudo era motivo para tatuar novamente, pensei que era um ótimo momento fazer algo homenageando meu avô.
Meu impulso adolescente não me fez ter mais paciência e cautela para pesquisar o histórico do tatuador, e como era uma tatuagem pequena, não vi problema em fazer ‘com qualquer pessoa’.
Tatuei uma âncora pequena no pulso para lembrar com carinho de como meu avô era forte e lutou até o fim para tentar se curar da doença.
Vale a pena comentar aqui que o tatuador machucou um pouco a minha pele, e algum tempo depois fiz um outro desenho para cobrir essa tatuagem. No lugar, fiz algumas flores, dentes de leão e folhagens - é uma tattoo muito especial pra mim.
Depois dessas duas primeiras tatuagens, toda e qualquer oportunidade eu buscava uma forma de gravar na minha pele.
E é engraçado pensar em como as urgências da vida vão mudando conforme envelhecemos.
Quando adolescente eu tinha uma pressa absurda para me tornar adulta, para enfim ter a liberdade de fazer tudo o que eu bem entendesse. Na minha cabeça, parecia que era só uma questão de tempo para que eu tivesse a vida dos meus sonhos.
Bom, a urgência pelas tatuagens do início dos meus 20’s, foram substituídas por necessidades maiores, assim como a minha lista de prioridades.
Cresci acreditando que 30 é a idade do sucesso, que mesmo sem um manual de instruções da vida adulta eu saberia o que fazer. E assim como a Jenna Rink, eu só precisava de um pó mágico para que os meus sonhos se tornassem realidade.
Imagina se fosse tão simples assim?
Se você assim como eu está com os seus 28 quase 29 anos, provavelmente está passando pelos dilemas: amigos casando, comprando apartamentos, sendo promovidos no trabalho e construindo família.
Pois bem, eu sinto que mesmo em constante movimento, também estou atrasada - e o pior, para algo que eu também não sei o que é.
E nesse quesito, nenhuma experiência é individual.
Outro dia comentei com a minha psicóloga que diariamente faço o exercício de olhar para minha realidade e listo coisas que me orgulho.
Esse simples não tão simples ato, me mostra que na verdade eu não estou atrasada para nada. E que o tempo das coisas é diferente para cada pessoa.
Por exemplo, se eu tivesse ficado em Santa Catarina, provavelmente teria uma vida mais confortável, conseguiria economizar o suficiente para comprar um apartamento antes dos 30 anos.
Mas ao invés disso e diferente de alguns dos meus amigos, escolhi abraçar a oportunidade de vir para São Paulo, começar do zero, vender os móveis que eu tinha e deixar para trás vida que eu conhecia.
E quando fazemos o exercício de comparar a nossa realidade com a gente mesmo, o jogo muda.
“Todos os dias quando acordo
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo tempo do mundo”
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo tempo do mundo”
Eu sei que nunca mais terei 28 anos novamente, que tudo o que eu vivo hoje é passageiro e que uma hora, vai passar. E é tão injusto comigo mesma quando não valorizo tudo aquilo que eu conquistei, e olho apenas para as conquistas dos meus amigos ou ‘das pessoas da internet’.
E terá um momento da minha vida que não me verei mais como alguém jovem, e para esse dia, quero olhar para trás e ver que fui feliz apesar dos percalços no caminho.
A vida não é linear.
Ao contrário de um filme que conseguimos ter previsibilidade do que irá acontecer, no mundo real não temos.
"Tentar apressar a vida é forçá-la a não ser vida. Aceite que o tempo flui ao seu próprio ritmo." (Rupi Kaur, the sun and her flowers)
Ao contrário da Laís de 17 anos que tinha a urgência de ter os dois braços tatuados, a Laís de 28 anos está aprendendo a colocar o peso certo nas coisas, e talvez pela primeira vez, está tentando desacelerar e entendendo que a única coisa que é urgente mesmo, é o tempo - e ele diminui a cada dia.
Saber priorizar, olhar com carinho para suas conquistas e não ser o vilão da sua própria vida.
Obrigada por ler até aqui,
Um beijo,
La 💫
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Especial Black Friday - todos os livros que eu compraria na Amazon se eu tivesse um cartão ilimitado
Sobre voltar no passado, um dos livros que mais amei ler esse ano
Para viver melhor (quero muito ler!)
Acho que todo mundo deveria ler esse livro
Leitura obrigatória para todas as mulheres (para ter e presentear)
Eu devorei esse livro no kindle e quero ter a edição física para ler novamente
Da série comédia romântica, amei esse aqui
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Leia a última edição:
#87 | Aquela do feriado prolongado
Faz tempo que não tínhamos um feriado que começava na sexta-feira, e confesso pra vocês que eu estava desejando há muito tempo ter esse tempo para não fazer nada e aproveitar o presente - e assim foi.
Nossa, os 25+ choram lendo esse texto 🥹🩷. Obrigado, La!
Este texto vai ao encontro de algo que tenho vindo a semear: compaixão por mim mesma através da lente em que reconheço as minhas pequenas conquistas ao invés de olhar somente para as dos outros. Ainda somos tão jovens 🥺🫂