Uma página em branco me assusta muito mais do que colocar um texto meu no mundo. Talvez seja o vazio, o silêncio ou o medo de não escrever tão bem quanto o último texto.
Perfeccionista? Procrastinadora? Impostora? Ou quem sabe alguém que ainda se importa muito com o que os outros irão dizer sobre algo que eu criei?
A partir dessa introdução, hoje quero falar sobre pessoas autênticas e criativas que constantemente procrastinam suas ideias por dar importância demais para pessoas que você não ousaria pedir um conselho - então, porque ainda sim isso impacta tanto em você?
Desde sempre ouço das pessoas ao meu redor o quão sou criativa e talentosa.
“nossa você é tão criativa!” - automaticamente a voz na minha cabeça: qualquer um faria o que você fez.
“você tem talento, deveria investir nisso!” - automaticamente a voz da minha cabeça: ata, até parece.
Crescer ouvindo que sou criativa moldou até a minha escolha de curso da faculdade.
Lá em 2013, no meu último ano do ensino médio, aconteceu o famoso ‘evento canônico’ - que é quando algo precisa acontecer para direcionar os seus próximos passos - no meu caso, foi decidir qual curso eu faria depois de terminar o terceirão.
Entre as minhas opções estavam:
Psicologia: eu adorava a ideia de entender mais sobre pessoas e ajudá-las de alguma forma.
Jornalismo: sempre amei escrever, imagina trabalhar com isso? (((nessa época aqui a minha ideia era ser editora na Revista Capricho.
Publicidade e Propaganda: claro, a melhor escolha para pessoas criativas. (((adivinha? eu escolhi exatamente essa aqui.
Acontece que conforme a faculdade ia avançando, cada vez mais eu não me via ali. Eu considerava que todos os meus colegas eram muito mais criativos e talentosos. E que a qualquer momento eu seria descoberta como uma pessoa não criativa.
A grande questão sobre não se olhar com a mesma ótica ou até carinho que todos ao seu redor te olham, é pensar que você realmente não é boa o suficiente para nada. Mas na verdade, a sua autenticidade é justamente o que te diferencia dos demais.
A partir disso, quero compartilhar com você um algo que aconteceu comigo há alguns anos atrás em uma das empresas que eu trabalhei.
Como eu já mencionei aqui, sempre fui reconhecida pela minha criatividade. Isso, de certa forma me abriu espaços por alguns lugares onde estive.
E teve um dia, em que uma pessoa com quem eu trabalhei simplesmente roubou uma das minhas ideias e agiu como se não tivesse sido nada demais.
E detalhe, essa ‘ideia nada demais’ foi 100% formulada por mim e pelas coisas que eu sempre gostei de consumir. O desafio na empresa era criar um formato de conteúdo onde os colaboradores engajassem e que mesmo sendo algo divertido, precisava comunicar os avisos paroquiais (como entrada de clientes, novos integrantes, campanhas e por aí vai).
O ano era 2018 e eu criei uma edição ‘beta’ de uma newsletter, pois é, parecida com essa que eu tenho hoje. Nela, coloquei a minha voz (juro que eu me sentia como em Gossip Girl), inseri coisas que eu adorava ler (signos, dicas de filmes/séries/músicas e várias outras coisas).
Ah, para o formato ficar mais atrativo ainda, colocava gifs e stickers.
A primeira edição hitou MUITO, todos os colaboradores amaram a ideia, leram e falavam como estavam ansiosos para ler a próxima edição (eu enviava todas às sextas-feiras).
Essa “simples” ideia me empolgou tanto, que no início eu ficava até às 02h da manhã escrevendo. Eu queria muito que continuasse a dar certo. E assim foi, toda a semana (até quando eu achava que não estava boa) o pessoal sempre me colocava pra cima.
Inclusive, fui promovida de cargo por ter tido essa iniciativa. (mas isso deixo pra outra news).
Eu era a dona daquela ideia, ela tinha a minha cara (!!!!!!!!!!), e o mais importante: a minha voz.
Quando decidi sair dessa empresa alguns anos depois, levei na minha bagagem essa e outras ideias. A gente nunca sabe quando irá precisar tirar uma carta da manga.
Eis que em um dia comum, comecei a ser mencionada em uma postagem no Instagram, do nada. Lembro desse dia como se fosse hoje, entrei no post e fiquei chocada em como alguém tinha roubado não apenas a ideia, mas todo o formato, os gifs, a linguagem, tudo.
Na hora eu não soube direito o que fazer, não sabia reconhecer se tinha sido plagiada ou se foi “”inspiração””, como os publicitários gostam de nomear
Confesso que até hoje quando lembro dessa história eu ainda não saberia como lidar.
Mas o que eu aprendi com esse “mal entendido” (segundo meu ex-colega de trabalho), é que toda a vez que eu deixar uma das ideias públicas, eu tenho o dever de dizer para todo mundo que isso é meu e que saiu da minha cabeça.
Por mais simples e bobo que possa parecer, suas ideias são suas ideias. Esse rótulo de ser uma pessoa criativa é banalizado o tempo inteiro, e muitas pessoas acham que boas ideias surgem do nada.
Por trás de tudo isso exige muito esforço, crises de impostor, reformulação, pesquisa, esforço e muitas horas em cima daquilo. Não normalize como algo simples e rotineiro. Valorize o que você cria e deixe todo mundo saber.
De uma criativa para outro criativo(a), estamos juntos!
Um beijo,
La 💫
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📎 Bloco de notas
Coisas legais que gostaria de compartilhar com você.
📺 One Day | Netflix
Só para os românticos online que adoram uma boa história sobre amor. Inspirada pelo filme e livro (com o mesmo nome), a história dessa mini série conta a história de amor e amizade de Emma e Dexter, que dura por mais de 20 anos. Eu recomendo que você assista com um lencinho, ainda mais se você não conhece a história.
Leia a última edição:
#47 | Um passo por vez
Acho que estou velha para fazer tal coisa. Nessa idade eu deveria ter uma casa ou um carro próprio. Preciso ser mãe antes dos 32 anos. Tenho certeza que não ganho a mesma coisa que os meus ex-colegas de faculdade. Tal pessoa corre “mais rápido” do que eu. Preciso pensar em quais serão os próximos passos da minha carreira. Todos os meus conhecidos estão …