Para mim, esse hábito tão comum e cotidiano, como dirigir significava liberdade para andar por aí sem dar satisfação para ninguém.
Aos 16 não via a hora de fazer 18 anos e finalmente tirar a carteira de motorista. Nessa época, eu não pensava o que exatamente eu ia dirigir, porque o meu pai tinha um carro “cheio de macetes”, logo, eu não me sentia encorajada para ousar pedir as chaves e sair por aí.
Quando fiz 18, outras questões passaram na frente da tão sonhada carteira. Aos 19, entrei na faculdade e ia de carona. Quando fiz 20 pensei: É AGORA! Spoiler: não foi.
Importante ressaltar que diferente de muitas realidades por aí, na minha casa quando queríamos algo, lutávamos muito para conseguir. Eu por exemplo, assim como os meus irmãos, não ganhamos um carro ao completar a maioridade. A gente que juntava dinheiro e só assim conseguíamos realizar coisas. Logo, nunca sobrava o suficiente para dar entrada nesse sonho.
Apenas em 2020 (o ano da pandemia) uma amiga me disse que uma autoescola estava fazendo uma promoção muito boa e que ela iria se matricular. Ela, assim como eu tinha o sonho de dirigir.
Na metade de janeiro usei todo o limite do meu cartão de crédito na época e dei entrada na tão sonhada carteira de motorista. Confesso que começar esse curso com uma amiga me deu mais incentivo para não desistir.
Os dias foram passando e completamos as aulas teóricas, e quando íamos começar as aulas práticas, veio a pandemia. Enquanto o mundo não sabia como lidar com tudo o que estava acontecendo, a autoescola resolveu pausar as aulas.
Depois de alguns meses recebi a notícia que as aulas práticas iam começar, eu não conseguia acreditar que ia enfim teria esse documento nas minhas mãos.
No meu primeiro dia de aula prática (e aqui fica o aviso se algum momento você passar por isso) conheci a minha instrutora, fiquei super animada por aprender a dirigir com uma mulher. Mas a minha expectativa estava tão alta que não reparei no enorme sinal de alerta que estava gritando na minha frente.
De primeira, ela já não era muito gentil e educada, pensei que com o passar dos dias isso mudaria. Mas não. Ela era hostil, ‘brigava’ comigo por não saber dirigir (??????) e sempre que podia falava que eu não era boa o suficiente.
Nessa época, minha mãe perguntou como estavam indo as aulas, eu prontamente disse que apesar da professora, tudo ia bem. Ela imediatamente me aconselhou a trocar de instrutor. Eu, que sempre escutei os conselhos da minha mãe, dessa vez não ouvi e segui com essa pessoa me ‘ensinando’.
Os dias passaram e chegou o último dia de aula prática onde o instrutor dizia se você ia bem ou não na prova. Eis que ela me disse: você não vai passar, não é boa dirigindo e terá que repetir provavelmente. ~ ouça essa palavras em um tom de voz grosseiro ~
Quando meu namorado chegou para me buscar eu estava aos prantos. Chorava de soluçar e até hoje sinto o gosto amargo que ficou na minha boca quando ela me disse essas palavras. Assim que me acalmei, ele me disse: você só não vai passar nessa prova, como vai lá e esfregar na cara dessa instrutora que você passou.
No final de semana que antecedeu a prova, treinei, assisti inúmeros vídeos no Youtube e pedi dicas para os meus amigos que passaram por isso.
Eis que chegou o dia da prova, e para silenciar aquela voz que ecoava na minha cabeça e mexia com a minha confiança, fiz tudo o que eu podia para ficar calma.
Tomei um banho demorado, meditei e escutei minhas músicas favoritas. Estava pronta para ir lá e tirar minha tão sonhada carteira de motorista - e mesmo se eu não passasse de primeira, ia continuar tentando. Não sou o tipo de pessoa que desiste fácil.
Eu juro que até hoje não sei como completei aquela prova de uma forma tão calma, serena e confiante, parecia que eu já dirigia há anos.
Alguns dias depois recebi a resposta: você foi aprovada!
E não, não fui até a instrutora esfregar na cara dela. Eu ter conseguido pelo meu próprio esforço já foi o suficiente. E aquele sonho adolescente enfim iria se realizar.
Depois do primeiro ano apreensiva com a minha carteira provisória, tinha um pouco de receio de pegar o carro sozinha. Mas com o tempo fui adquirindo mais confiança e entendendo que cada pessoa tem o seu processo.
Eu precisei transformar o processo de dirigir em algo divertido. Ao entrar no carro (é assim até hoje) conecto meu Spotify e deixo tocar minhas músicas favoritas.
Com as janelas abertas, os cabelos ao vento e cantando bem alto, sinto a liberdade que eu buscava desde a minha adolescência.
Tudo bem que na prática não é tão libertador assim para algumas pessoas, mas a minha visão sonhadora de hábitos cotidianos sempre será a minha versão favorita.
Até hoje, quando dirijo me sinto dentro do meu próprio vídeo clipe de música pop. E fica o lembrete: nunca deixe que te digam que você não é bom o suficiente para fazer algo. Persista e não desiste, ainda mais se isso for um sonho ou objetivo pessoal.
E só para manifestar: eu ainda tenho o sonho de fazer uma road trip por aí, quem sabe eu realizo isso logo menos? Prometo que volto aqui pra contar tudo.
Um beijo,
La 💫
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Vamos de indicações?
🎬 Série documental: Você é o que você come | NetFlix
Eu já queria assistir faz tempo, mas dei o play só na semana passada. Resumidamente, ele é um mini documentário com 4 episódios de mais ou menos 45 minutos, onde foram analisados e comparados a alimentação de gêmeos. Um deles se alimenta com uma dieta vegana e o outro com a onívora. Durante o documentário você é impactado por vários estudos de como a alimentação afeta o nosso corpo e a função cognitiva ao passar dos anos. Vale muito a pena assistir!
Leia a última edição:
#45 | Tudo junto & misturado: edição Janeiro
Vamos de compilado do mês? Para esse ano quero incluir uma edição especial toda a última quarta-feira do mês com os meus favoritos e com tudo o que eu li, assisti, escutei e entre outras coisas que gostaria de dividir com vocês. Espero que gostem!