#43 | O vazio da parte que falta
Você sente que falta alguma coisa?
Sim.
Com que frequência?
O tempo todo.
Hoje a news é sobre o vazio. Pois é, eu tô falando daquela falta de algo ou alguma coisa que fica martelando na sua cabeça várias vezes por dia. Você já reparou que quase nunca realmente estamos em silêncio?
É obra acontecendo, buzina de trânsito, pessoas na rua, o vizinho assistindo algo, abre o Tik Tok e adivinha? Mais barulho. Não adianta, vivemos rodeados pelo excesso de barulho o tempo inteiro.
Em paralelo, buscamos com frequência preencher os pequenos espaços que nos rodeiam. Por exemplo, enquanto você espera o uber ou o elevador, o que você faz? Eu por exemplo, abro o Instagram rapidinho e ali perco alguns minutos do meu dia simplesmente rolando um feed.
Nessa simples olhada eu já quero um tênis novo, mudar o cabelo, ficar por dentro da próxima tendência do mundo da moda ou até mesmo saber qual o próximo filme/série que vai lançar e eu não posso perder de jeito nenhum.
Outro dia, despretensiosamente fui ver no meu celular quanto tempo por dia eu mexia nele ou nas redes sociais. Confesso que fiquei apavorada com o resultado, em média por semana eu fico 4h e 22 minutos vidrada na tela do celular. Percebe o quanto isso impacta na forma que eu lido os meus “silêncios”?
Depois disso, reparei que todas às vezes que eu estava entediada, eu abria alguma rede social. E o pior, é totalmente sem querer, quando vi já fiquei tempo o suficiente pra receber uma chamada de atenção até do aplicativo.
Quando adolescente, preenchia os meus vazios ouvindo música, lendo minhas revistas da Capricho ou fazia alguma coisa com os meus irmãos e/ou amigos. E até quando chegou a era do MSN e Orkut, não era bizarro que quando não queríamos mais mexer nesses canais ou estava cansado, a gente simplesmente deslogava. Simples assim.
Hoje por onde eu vou, levo meu celular junto. Seja para praticar atividade física, ir no mercado, parque ou até mesmo na piscina do prédio. É quase como se ele fosse parte de mim.
Até enquanto escrevo esse relato e leio em voz alta, eu fico assustava com a dependência e os efeitos que ele tem sobre a minha vida. Todos os meus vazios são preenchidos por um celular ou uma rede social.
E essa é a grande questão.
Quando buscamos preencher esses espaços, não conseguimos ficar em silêncio. Estamos sempre no looping de buscar algo mais e mais vezes. É tanta informação o tempo inteiro, que chega uma hora que o próprio cérebro cansa de tantos estímulos.
Todas às vezes que você procura o preenchimento desses vazios, mais você se distancia da pessoa que você é e dos sentimentos genuínos que o seu corpo teria naturalmente.
Depois desse “choque” do meu tempo nas redes sociais, comecei a pensar em coisas que eu realmente gosto de fazer para passar o tempo e até para ter novas ideias. Sugiro que você também reflita sobre isso, quais coisas você gosta de fazer quando está longe do seu celular?
Eu adoro ler - inclusive, só nas primeiras semanas do ano já li e livros e estou quase terminando o terceiro. Adoro ouvir podcast (mais barulho), escrever (minha parte favorita), conhecer novos lugares, visitar o parque e me encontrar com amigos. Esse conjunto de coisas me ajuda a viver mais no presente e não como um zumbi na frente de uma tela.
E por fim, digo que o seu vazio sempre vai existir. Essa falta por algo, na verdade, só faz a gente ser humano. Esse espaço não vai ser preenchido por uma alma gêmea, por um emprego dos sonhos, pela aquela viagem que você quer muito realizar ou aquele celular novo que você está ansioso para comprar.
A melhor forma de lidar com o vazio, é fazer as pazes com ele e entender que nem sempre esses espaços devem ser preenchidos por algo. São nessas lacunas que a gente se conhece. Como diria Lela Brandão, “cuide do seu vazio, é ele que vai te levar para os lugares que você precisa estar; e você não tem como descobrir esses lugares se não fizer as pazes com o seu vazio”.
Vai lá e confia! E por favor, tenta diminuir o tempo que você fica no celular e nas redes sociais. Não promete pra mim (talvez a gente nem se conheça), prometa para si mesmo. Nada de cérebro de geleia e cabeça oca.
Um beijo,
La 💫
Vamos de indicações?
🎬 Filme: Mean Girls: O Musical
Um daqueles filmes que você fica com um sorrizinho no rosto o tempo inteiro. Como é bom ver um filme que fez a gente feliz e até moldou um pouquinho da nossa personalidade. E repito: clássicos são clássicos por algum motivo. E eu adorei ver essa releitura de um dos meus filmes favoritos dos anos 2000. ISSO É TÃO BARRO!