#22 | Comida pra mim, sempre foi sinônimo de afeto e boas memórias
Antes de mais nada, oie, é um prazer ter você aqui!
A primeira vez que fui em uma nutricionista eu tinha 10 anos. Desde lá, foram muitas outras consultas, cardápios e objetivos inalcançáveis. O padrão imposto pela sociedade é algo que fere a autoestima e implica em diversos outros incômodos que até podem passar despercebidos, mas lá no fundo, a gente sabe o quanto nos magoou.
Outro dia compartilhei nos meus stories, o link de um episódio do podcast Bom dia, Obvious, cujo o nome é comer: com ou sem emoção? - e essa foi uma das conversas que esperei a vida inteira para ouvir.
Isso porque Marcela Ceribelli e a Desiré Coelho falam de uma forma extremamente gentil sobre alimentação e tudo o que envolve esse tema. E esse é um assunto que sempre me instiga a querer ouvir e aprender mais.
Eu sempre fui uma mulher ‘fora do padrão’, baixinha e nunca considerada magra. Ao longo da minha infância já fui entendendo que eu não era como os meus irmãos ou amigas, na verdade, muito longe disso. E não, eu não tinha consciência disso, na verdade, escutei a vida inteira de outras pessoas.
Desde muito nova ouvia que eu não poderia comer tudo o que eu quisesse. Que precisava cuidar da minha alimentação, que deveria evitar doces e pães. Estamos falando aqui de uma criança que cresceu numa família que sempre considerou a comida como forma de afeto ou seja, para mim os momentos mais felizes eram aqueles em estávamos comemorando algo. Em aniversários, festas familiares e até quando era apenas um domingo, porque era sempre motivo para ter uma comida boa e sobremesas.
Até hoje percebo o quando isso impactou na minha relação com a comida e na forma que estou me sentindo. Comida pra mim, sempre foi sinônimo de afeto e boas memórias.
Porém, conforme fui crescendo e indo em diversas nutricionistas, percebia no discurso delas o quanto comer “era” errado. Principalmente tudo o que não fosse saladas, legumes e proteínas, o que não estava nesse grupo, eu deveria evitar.
Com isso, acabei desenvolvendo um medo absurdo por qualquer alimento que não estivesse no meu cardápio. E se eu quisesse comer, precisaria ‘perder’ aquelas calorias para compensar, literalmente como uma forma de recompensa.
E detalhe, todas sem exceção falavam que eu precisava praticar atividade física todos os dias.
O que elas não sabiam ou muitas vezes não me davam a chance de falar, é que sempre fui uma pessoa motivada por esportes e ativa. Ao longo da minha adolescência pratiquei boxe, musculação, spinning, tênis de quadra, vôlei, tentei até futsal quando mais nova. E quando adulta, me apaixonei por funcional, crossfit e corrida.
E mesmo assim, o discurso era sempre o mesmo, que eu não estava ‘me mexendo o suficiente’.
Mesmo com os exames em dia, a saúde impecável e a prática de atividade física diária, nunca estava bom o suficiente. Eu sempre precisava ser melhor e ir além do meu máximo.
Apenas aos 24 anos, encontrei uma nutricionista que me fez enxergar com outros olhos a relação com o meu corpo e a comida. Quase como uma sessão de terapia mensal, fui entendendo que na verdade, eu precisava cuidar do meu corpo porque eu amo ele, e não ao contrário como forma de punição.
Que eu não precisava eliminar definitivamente nenhum alimento da minha vida, que na verdade, o que precisava era de alguém que me ensinasse a função dos grupo de alimentos o que cada um deles desempenhava no meu organismo.
Hoje, aos 27 anos busco cada vez mais encontrar o meu ponto de equilíbrio quando falo sobre esse tema. Sei de tudo o que passei para chegar até aqui, de todas as sessões de terapia que tive sobre esse assunto e de como evolui no quesito autoestima.
Inclusive, por ter toda essa bagagem gosto de inspirar e motivar quem está por perto, sejam pessoas conhecidas ou não. Para mim, a atividade física diária passou do estágio de ser algo apenas por estética e tornou-se algo para me ajudar no controle da ansiedade e como eu me imagino daqui alguns anos.
Se apaixone pelas coisas incríveis que o seu corpo é capaz de fazer. via Chapadinhas de Endorfina
A news de hoje não foi escrita com o objetivo de ditar alguma regra ou algo do tipo, escrevi porque há muito tempo tenho esse assunto nos meus rascunhos e nunca me senti confortável para falar publicamente sobre.
Acontece que quando compartilhamos as nossas histórias, outras pessoas podem se identificar e perceber que não estão sozinhas.
Um beijo,
La 💫
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🎬 O tanto que eu amei esse filme
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