#116 | O último dos 20
29 anos e tudo saindo conforme o não planejado
“O tempo é agora”. Li essa frase no livro ‘Ensaios de despedida’ da autora Elisama Santos, o qual tem sido minha companhia literária nas últimas semanas e não tive dúvidas que eu deveria começar a newsletter de hoje com ela.
Aos 18 anos passei no processo seletivo para entrar na faculdade de Publicidade e Propaganda, o ano era 2015 e eu morava junto com meus pais e irmãos. Tinha um quarto com as paredes brancas, decorado com quadros e livros.
Nessa época minha vida era resumida em trabalhar como Operadora de Telemarketing das 8h às 14h na mesma universidade onde eu estudava de noite, ia para academia após o expediente, depois para a casa e me preparava para a aula mais tarde.
Olhando pra trás hoje, percebo que essa foi a fase mais tranquila e calma da minha vida. E é uma sensação tão única quando temos 18 anos e o mundo ainda não espera muita coisa da gente, afinal, somos tão jovens.
Na minha cabeça, ia demorar anos até que eu estivesse com a idade que eu tenho hoje… E veja, completei 29 anos ontem. O último dos 20.
Eu me vejo como uma mulher de quase 30 anos, sinto o peso e a responsabilidade latente em todos os âmbitos da minha vida. Mas ao mesmo tempo, algumas coisas não mudaram e talvez nunca mudem — porque faz parte da minha personalidade.
Como ficar absolutamente feliz em comemorar o dia em que nasci e amar comer bolos de aniversário.
Passei os últimos anos correndo atrás de tudo aquilo que eu gostaria de realizar quando estivesse com essa idade, mas acontece que:
A vida vai acontecendo, a nossa lista de prioridades muda e você percebe que não tem controle sobre nada.
Eu não voltaria para o início de tudo, gosto mais do que desgosto da vida que estou construindo. Me sinto mais forte, corajosa e determinada do que nunca.
Porém, nos últimos meses passei por momentos bem difíceis, os quais exigiram uma versão de mim mesma mais preocupada, séria e responsável — e de certa forma, impactou diretamente na forma que eu gostaria de comemorar o meu aniversário, ofuscando um pouco a chegada dos meus 29 anos.
E ao contrário do que pode parecer ou ser interpretado através da minha newsletter, sim eu sou uma pessoa extrovertida socialmente, mas quando estou lidando com coisas que não sei nomear, me torno a pessoa mais introspectiva da face da terra.
Eu ainda irei contar de forma mais detalhada nas próximas edições, mas de forma resumida, eu fiz um exame de rotina no início do ano e teve uma alteração. A partir disso fiz outros exames mais detalhados, conversei com médicos e até o início de maio achei que não iria correr a meia maratona — simplesmente um dos meus maiores objetivos para 2025.
Só depois de uma consulta mais detalhada com uma médica especialista, ela me explicou que eu não precisaria ter pressa, que estava tudo certo (dentro do possível) e que eu poderia correr sim e que tudo bem lidar com isso no próximo mês — mas até esperar ouvir isso, passei por alguns surtos internos e não sabia direito como lidar.
Em uma das minhas sessões de terapia, entendi que grande parte da minha ansiedade ao redor disso era porque eu havia perdido o controle, algo saiu fora do meu planejado e não atendeu minhas expectativas.
Foi só na metade do mês de maio que comecei a ficar empolgada com o meu aniversário e animada para a meia maratona (que até o momento ainda não aconteceu, será dia 22/06).
Enquanto os dias passavam, fui priorizando outras coisas, quando vi já era junho e eu ainda não tinha planejado nada.
Até aceitar a ajuda de uma amiga querida, que conseguiu reservar uma mesa em um brunch muito fofo e que segundo ela “Achei bem sua vibe. Um lugar feliz”.
Confesso que não tem um aniversário que eu não fique ansiosa com possibilidade dos meus convidados não aparecerem. Aquele medo infantil, sabe? Mas deu tudo certo!
No domingo, 15/06, comemorei o início do meu novo ciclo, ao lado dos meus amigos de anos e dos novos — que naqueles acasos da vida, você conhece pessoas especiais.
Foi tão especial, íntimo, com bolo de aniversário e um parabéns cantado bem baixinho para o destino não escutar que estávamos cantando antes do dia.
E no dia do meu aniversário (17/06), pedi folga no meu trabalho e fiz várias coisas que me deixam feliz: tomar café em uma das minhas padarias favoritas, passear em livrarias e ir ao cinema.
O dia estava perfeito e eu não poderia me sentir mais grata por estar completando mais um ano de vida.
E aqui divido com vocês uma carta para a Laís do futuro, que no ano que vem completa 30 anos — e que (espero eu) esteja comemorando da forma que a gente sempre sonhou.
Sei que você tem pressa de ter respostas sobre tudo, que busca sinais em todos os lugares para validar suas decisões, mas te digo mais uma vez, que a tua intuição é e sempre será o seu mapa. Se faz o olho brilhar, você sente aquele arrepio no corpo e dá risada toda vez que lembra, é porque faz sentido.
Grande parte das coisas que você sonha não irão acontecer do jeito que você idealiza, mas com certeza serão melhores do que você poderia esperar. E se você não percebe isso ainda, é porque não está pronta.
Não tem nada de errado querer mudar de opinião e querer ir por outro caminho, desde que seja algo que você quer. Você é sua própria bússola, não mude a rota por ser um caminho mais fácil e com atalhos, nós nunca gostamos das coisas simples demais.
Tenho quase certeza que você estará se aventurando em alguma área da sua vida, porque nós somos assim, precisamos de uma novidade, do friozinho na barriga e da emoção que isso causa. — só me promete que se for algo relacionado com a corrida, você irá se dedicar pra valer, tá?
Espero que você continue sonhando e acreditando que vai dar certo — mesmo que a vida te mostre que não vai daquele jeito que você quer — mas isso não irá atrapalhar, na verdade, será mais uma forma de te dar segurança pra você seguir em frente.
Sempre em frente, lembra que quem olha muito pra trás uma hora tropeça.
O tempo é agora.
Com amor e admiração, Laís dos 29.
Não é fácil, mas viver a vida sempre vale a pena.
Parabéns pra mim,
Um beijo,
La 💫
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Leia a última edição:
#115 | Como eu vim parar aqui?
Para alguns, selva de pedra, para outros a possibilidade de realizar sonhos e ser visto.
Feliz aniversário, Laís!! Ansiosa para o relato da meia maratona. Vai dar tudo certo! 💘 Te entendo muito no sentimento de que tudo saiu do controle esse ano.
Feliz Aniversário atrasado Lah! Bom demais te acompanhar por aqui ❤🥰